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sábado, 9 de setembro de 2017

Poesia - Eu Queria Ser Pai/ Samuel Tenório



Apenas um pedaço
De minha consciência
Tem um ar de incoerência
Não sou mais
O humano de antes
Eu não sou o culpado,
Fiz de tudo. Acabou!
A minha dita felicidade.

Naquele instante,
Um homem, a que julga ser
O dono do mundo
Disse para minha namorada
Que eu não poderia
Mais ser o pai da criança
Existia em mim
A nítida esperança.

De poder cuidar dela,
Amá-la, beijar ela,
Sentir o prazer de ser pai.
Foi a melhor notícia
De toda a minha vida
Mas, ele não quis saber.
O motivo principal,
Parte de sua
Herança original.

Hoje posso perceber
Que não sou culpado…
No descuido
Da inocência da carência
De necessidade
Fizemos o imaginável
Acontecer. Eramos apenas
Adolescentes em busca
De mais uma aventura
Mas, nesta altura,
Aconteceu. A minha
Namorada ficou grávida.

O pai dela disse
Que não ia aceitar
Um filho de um bastardo
Mesmo, que eu assumisse
Colocasse o meu nome,
Meu sobrenome
O que adiantaria?

Eu sou um pobre,
Um condenado,
Um vitimado,
Da própria sociedade.
Que não teve as dignas
Oportunidades de assumir
O meu papel.

Todavia, era pra ser
O mais fiel da gentil
Esperança de se ter
O mínimo de cobrança
Da real história,
Não podia fazer
Mais nada, apesar
Da pouca idade
Eu sentia o gosto
Da felicidade
De ter as duas
Ao meu lado.

Era uma menina,
Podia sentir 
E ouvir a voz
Da bela criança
Que vinha nascer
Mas, tudo acabou
E o mundo retornou
Em instante
Para os meus pés.
A fé já não tinha mais.
Faltava compreender
O porquê de um pai
Não querer
Que sua filha
Pudesse dar a vida.

No dia nublado,
Nos despedimos
Pela última vez.
Eu era apenas
Um simples freguês
De um casarão.
Agora não tenho mais
Uma missão, a não ser
Lutar pela existência
De minha filha.

Os dias se passaram
Não vejo mais
A minha namorada.
O pai dela, a levou
Para longe
Com intuito de realizar,
Um aborto clandestino,
Que levaria o fim
Da vida de uma criança
Que não teve esperança
De ver o mundo.

Aconteceu o pior
De todas as desgraças,
Não só tirou
A vida da criança
Mais também
De minha namorada
E hoje, o pai fica
No dilema e na cobrança
Que eu, eu, eu sou o culpado
De toda a desgraça.

Já não mais consigo dormir
Escuto na vastidão,
Aquela vozinha de criança
Dizendo: pai, pai mim
Deixa existir. Eu fico ali
A sentir a esmagadora saudade
Do tempo que viria
Ser de felicidade
Junto da minha amada
E de minha filha.

Tudo acabou,
Foi um sonho
Pesadelo da realidade.
Acabou, acabou,
Não pude sustentar
Ou apenas tentar
Não querer
Que minha filha
Pudesse sobreviver.
Mas, o seu avó traçou
Os nossos destinos.

A vida, não vivida,
A esperança, a esperança
De um dia se ter o melhor,
Eu não sou o mesmo de antes.
Aliás, quando é que vou ser igual?



Escritor Samuel Tenório
6 de setembro de 2017



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