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terça-feira, 25 de julho de 2017

Poesia - Dia Dos Pais/ Giuseppe Ghiaroni



Meu pai está tão velhinho,
tem a mão branca e comprida,
parecendo a sua vida,
longa vida que se esvai.

E eu o lembro quando moço
de uma atlética altivez.
Ah! Tinha força por três!
Você se lembra, papai?

Quando menino, ouvia dizer
que você era um gigante.
Eu ficava radiante
e também me agigantava.



Porque toda madrugada,
eu quentinho do agasalho,
ao sair para o trabalho
o gigante me beijava.

Sua grande mão de ferro
parecia leve, leve
naquela carícia breve
que da memória não sai.

Depois… um beijo em mamãe
e o meu gigante partia.
E a casa toda tremia
com os passos de papai.

Mas agora o seu retrato
muito moço, muito antigo,
se parece mais comigo
do que mesmo com você.

Você já lembra vovô
e, à medida que envelhece,
papai, você se parece
com mamãe, não sei por quê.

Você se lembra, papai?
Quando mamãe, de repente,
caiu de cama, doente,
era o pai quem cozinhava.

Tão grande e desajeitado
a varrer… Quando eu o via
de avental, papai, eu ria;
eu ria e mamãe chorava.

Eu quis deixar o ginásio
para ganhar ordenado,
ajudar meu pai cansado,
mas tal não aconteceu.

Papai disse estas palavras:
Sou um operário obscuro,
mas você terá futuro,
será melhor do que eu.

Eu? Melhor que este velhinho
a quem devo o pão e o estudo?
Que é pobre porque deu tudo
à Família, à Pátria, à Fé?

Meu pai, com todo o diploma,
com toda a universidade,
quisera eu ser a metade
daquilo que você é.



E quero que você saiba
que, entre amigos, conversando,
meu assunto vai girando
e no seu nome recai.

Da sua força, coragem,
bondade eu conto uma história.
Todos vêem que a minha glória
é ser filho de meu pai.

“Um dia eu fui tomar banho
no rio que estava cheio.
Quando a correnteza veio,
vi a morte aparecer.

Papai saltou dentro d’água
nadando mais do que um peixe,
salvou-me e disse: Não deixe!
Não deixe mamãe saber!”.

Assim foi meu pai, o forte
que respeitava a fraqueza.
Nunca humilhou a pobreza,
nunca a riqueza o humilhou.

Estava bem com os homens
e com Deus estava bem.
Nunca fez mal a ninguém
e o que sofreu perdoou.

Perdoa então se lhe falo
Daquilo que não se esquece.
E a minha voz estremece
e há uma lágrima que cai.

Hoje sou eu o gigante
e você é pequenino.
Hoje sou eu que me inclino.
Papai… a bênção, papai.

Poesia - Dia Dos Pais/ Giuseppe Ghiaroni




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